O QUE NOS COMANDA – A QUEM OBEDECEMOS

Ir.’. Paulo Roberto Muzzi – MM – ARLS – Amenhotep IV- 585 – GLESP

Em LLoj, não podemos discutir religião e política, o que de certa forma mascara os desejos de muitos IIr.’. de tentarem expor seus pensamentos e sentimentos em detrimento de boa convivência, amizade e tolerância quanto às posições dos demais.
Dentro do quarto de hora em que se descortina a ordem do dia, deduzindo-se o tempo necessário à ritualística de abertura e fechamento da Loja, leituras de balaústres, expediente, palavra a bem da Ordem, quase não restaria condições, se fossemos autorizados, dialogarmos sobre assuntos profanos que, contundente, faz parte de nossa vida diária, afetando-nos tanto profissionalmente como na convivência social e familiar, pois somos maçons, principalmente no mundo profano
Percebemos que com o advento e desenvolvimento da Internet, e como seres sociais, e gregários há possibilidade de expormos nossos pensamentos e ideias, além da possibilidade pela palavra, criarmos situações de defesa em que os ideários se expandam no universo maçônico fora das paredes fechadas de nossas LLoj.
Talvez isso explique o que nos impulsiona aos debates nesses Fóruns virtuais, onde não há uma administração formal, os assuntos e temas são diversos e a palavra circula livremente. Ficamos mais soltos, entre nós maçons, por uma questão de na união praticarmos a confiança mútua, condição esta que encontraremos no mundo profano com um ou dois amigos somente. O campo Maçônico amplia esse rol de comunicação sob a égide da virtude fraternal e nos sentimos compelidos a nos manifestar com muito mais segurança.
Assim sendo, E para que possamos compreender a diversidade e contraposições nos diálogos de tais fóruns, a própria maçonaria nos apresenta com várias escolas em que seus membros atuais mais se identificam, bem como vários ritos que se adaptaram ao longo do tempo para satisfação das próprias necessidades ao longo do aperfeiçoamento dos rituais.
Dentre as escolas de pensamento que influenciaram o mundo maçônico, os autores e escritores classificam 4 grupos mais importantes que são:
A primeira é a “Escola Autêntica”, que também chamam de Escola Histórica:
Surgiu na Segunda metade do século XIX, em resposta ao desenvolvimento do conhecimento crítico em outros campos. Uma vasta soma de material de permanente utilidade para os estudiosos de nossa Ordem tornou-se assim acessível graças ao labor dos cultores da Escola Autêntica, e vão além dos construtores medievais, na procura das origens de nossos mistérios. Procuram manter a Ordem dentro da documentação histórica real, também em relação aos Ritos.
A segunda é a “Escola Antropológica”:
Aplica as descobertas da Antropologia aos estudos da história maçônica, os antropologistas têm reunido um vasto cabedal de informações sobre os costumes religiosos e iniciatórios de muitos povos, antigos e modernos. A Escola Antropológica concede a Maçonaria uma Antiguidade muito maior que a tida pela Escola Autêntica, e assinala surpreendentes analogias com os antigos Mistérios de muitas nações,
Os antropologistas não confinam seus estudos apenas ao passado, mas têm investigado os ritos iniciatórios de numerosas tribos selvagens existentes tanto na África como na Austrália tem encontrado gestos e sinais ainda em uso entre os maçons.
À obra da Escola Antropológica se deve uma clara revelação da imensa Antiguidade e difusão daquilo que atualmente chamamos simbolismo maçônico. Das pesquisas dos antropologistas resulta perfeitamente claro que, quaisquer que sejam os exatos elos na cadeia da descendência, na Maçonaria somos os herdeiros de uma tradição antiquíssima, durante incontáveis idades tem estado associada com os mais sagrados mistérios do culto religioso.
A terceira escola que foi relacionada por Joaquím Gervásio do Nascimento, trata-se da “Escola Mística” ou “Iniciática”:
Encara os mistérios da Ordem, vendo neles um plano para o despertar espiritual do homem e seu desenvolvimento interno. Declaram que os graus da Ordem são simbólicos de certos estados de consciência, que devem ser despertados no iniciado individual, se ele aspira ganhar os tesouros do espírito. Um testemunho que pertence mais à religião do que à ciência. O método místico é a união consciente com Deus, e para um maçom desta escola a Ordem objetiva representar a Senda para essa meta, oferecer um mapa, por assim dizer, para guiar os passos do buscador de Deus.
Tais estudiosos estão mais interessados em interpretações do que em pesquisas históricas. Sua preocupação principal consiste em viver a vida indicada pelos símbolos da ordem, com o fim de atingir a realidade espiritual de que estes símbolos são apenas pálidos reflexos. Sustentam que a Maçonaria tem pelo menos parentesco com os antigos Mistérios, que visavam precisamente à mesma finalidade: a de oferecer ao homem uma via pala qual possa encontrar Deus.
Segundo José Castellani, a Maçonaria não é, todavia uma Ordem Mística, já que, nela a razão sobrepuja o misticismo. Porém ele destaca a importância do misticismo e da simbologia mística para a construção e manutenção da doutrina moral da Ordem Maçônica:
Embora a Maçonaria não seja uma religião e nem seja uma ordem mística, ela utiliza, em seus rituais, na sua simbologia e na sua estrutura filosófica e doutrinária, os padrões místicos de diversas seitas, associações e civilizações antigas, principalmente os relativos às religiões e às ordens iniciativas de cunho religioso daqueles povos.
A quarta e última escola do pensamento maçônico, é a aquela chamada de “Escola Oculta”:
Está representada por uma corporação sempre crescente de estudiosos na Ordem Co-maçônica (ou Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit Humain), que esta progressivamente atraindo também aderentes da Maçonaria masculina. Como um de seus principais e característicos postulados é a eficácia sacramental do cerimonial maçônico, quando devida e fielmente executada, talvez nos seja lícito, chamá-la a escola Sacramental ou Oculta, o objetivo do ocultista, não menos que o do místico, é a união consciente com Deus, porém diferem seus métodos de busca. O método ocultista se desenvolve através de uma série de etapas gradativas, de uma Senda de Iniciações conferindo sucessivas expansões de consciência e graus do poder sacramental. O místico é frequentemente mais de caráter individual, um ‘vôo do solitário para o solitário, o método do místico é pela prece e oração. Os esotéricos acreditam que só podem passar seus conhecimentos aos aprendizes que estejam aptos, determinando o sigilo segredo dos mistérios aos seus iniciados.
A Maçonaria, é surgida na Europa, segundo muitos historiadores maçons, originada das antigas corporações ou guildas de pedreiros construtores de catedrais, apesar de outros procurarem indicar origens mais antigas, como os Colégios Romanos, ou “Collegia Caementariorum”, associações de pedreiros e construtores que apareceram em vários países e regiões dominados pelo Império Romano. Estes Colégios erigiam templos e outros diversos edifícios públicos.
A Ordem, além da influência dos Cavaleiros Templários, com a cultura e ensinamentos trazidos do Oriente, também foi incorporando valores e ideais liberais e libertários ao longo de seu desenvolvimento. Influenciada principalmente pelo Iluminismo, no século XVIII. Teve a Ordem Maçônica importante papel na luta contra o absolutismo político, e na conquista e consolidação do poder político pela burguesia, quer seja na Europa, quer seja nas Américas.
Daí surgiram duas correntes em que o pensamento Maçônico bifurca por dois caminhos principais: a regularidade e a irregularidade. A Maçonaria regular é representada pela Grande Loja Unida da Inglaterra e a irregular, por um segmento da maçonaria francesa.
Estes conceitos têm origem na crença ou não em Deus. A Grande Loja da Inglaterra menciona em sua Constituição a fé em Deus como o Grande Arquiteto do Universo e, em consequência, o respeito à lei moral inspirada pelos manuscritos de Old Charges (Velhos Preceitos), posteriormente reproduzidos pelos Landmarks de Mackey.
O termo irregular atribuído a uma parte da maçonaria francesa tem origem em 1877 quando, em nome do liberalismo da cultura francesa, retirou dos seus Estatutos a menção ao nome de Deus. Foram quebradas outras regras da tradição maçônica universal suprimindo a Bíblia da ritualística das Lojas. Seus ideários eram revolucionários.
Todos os iniciados, atualmente e como foram nossos antecessores, são também fortemente influenciados por crenças, formação, aprendizado e tradições culturais, que trazem para dentro das LLoj. por tais preceitos estar fundamentalmente ligados a formação do seu caráter.
Assim, os maçons Místicos e da escola Oculta, estão mais ligados à linha de pensamento dos maçons regulares, da G. Loja da Inglaterra são mais preocupados, ou melhor, se ocupam mais com as tradições esotéricas, desvendando o simbolismo sobre os mais diversos campos como a astrologia, cabala e seu encontro individual com a divindade.
Os maçons mais ligados ao pensamento do liberalismo surgido na cultura francesa são mais ligados á política, ao desenvolvimento social humanitário, muito mais preocupado como serem construtores sociais, com o mundo em si e tornar feliz a humanidade.
São opções que cada um de nós mostra e expõe tendo em vista a liberdade de pensamento como um baluarte da Ordem, em que no exercício da Tolerância somos instados a nos mantermos fraternais, embora as opiniões e preferências possam divergir em caráter puramente pessoal.
Há uma complementaridade de conceitos, e assim se houver entendimento, a convivência torna-se pacífica e o aprendizado evolui a passos largos em busca da Palavra Perdida , como filhos da viúva que somos e tornar a humanidade feliz.
Bibliografia:
1. Escolas do Pensamento Maçônico – Roberto Bondarik;
2. CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito: História, Doutrina e Prática.
3. CAMINO, Rizzardo da; CAMINO, Odéci Schilling Da. Vade Mécum do simbolismo Maçônico.
4. Site Internet: Gloria do Ocidente. Org.
5. Site Internet: Portal Maçônico (Portugal);
6. Discussões e diálogos dos Fóruns: Círculo Hermético; Rito_de_Emulacao-Osasco-yahoogrupos.com.br e Cadeia Verde Amarela.